sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Giovana Metzner Ferreira – 9324279
Texto final para a disciplina de Tópicos de educação voltados à questão ambiental

Este texto foi elaborado para cumprir como uma das avaliações pertencentes à disciplina de tópicos de educação voltados à questão ambiental. Ele foi redesenhado e repensado ao longo do semestre, onde foi praticamente reestruturado para comportar as reflexões e aprendizados feitos ao longo desse período de tempo.
Desta forma, escolho publicá-lo em um blog pessoal antigo e esquecido, o giovanametzner.blogspot.com.
Devo mencionar que a escolha não foi óbvia para mim. Decidi expandir o contexto do meu texto e incluir vivências e registros  mais antigos e que começaram em 2009. Sinto me à vontade em modificar meu texto e distorcer meus objetivos iniciais, deixando de lado toda a privação que o contexto académico me ofereceu e impôs até agora e fico feliz em reconhecer que essa liberdade veio juntamente com as experiências dentro e fora de sala de aula mas associadas à disciplina.

Neste momento, assisto uma retrospectiva. Encontrei um texto que demonstrava minha preocupação ambiental no sentido mais físico e biológico deste, como noções sobre aquecimento global e economia de água. Percebi que, até o início da disciplina, ambiente para mim era resumido em: água (e outros recursos renováveis ou não renováveis), bichos, florestas tropicais e medidas como reciclagem, combate à poluição e desmatamento etc. Essa ideia me acompanhou em meus primeiros textos - que estarão anexados abaixo - e hoje percebo como a minha visão mudou: sinto que me aproximei mais do que hoje considero verdade.

Reli opiniões encharcadas daquele famigerado preconceito estrutural, aquele que tanto se fala que é enraizado na nossa sociedade. Enquanto  agradeço por tê-los desconstruído ao longo de quase 10 anos, lamento ao ver que as eleições presidenciais de 2018 me mostraram pessoas que me machucaram tanto com ideias semelhantes ou com um discurso de ódio que não expressei publicamente em 2009. Pois bem, essa situação não deixa de se relacionar com a minha - em constante transformação - utopia: mais do que sentir o direito de me munir de recursos e fatos educativos e históricos para invalidar pensamentos e argumentos dos tantos absurdos que ouvi, respiro. Hoje o que me parece mais certo é o diálogo. É entender que os contextos e vivências são diferentes não só para o oprimido mas também para o opressor - e longe de justificar qualquer forma de opressão, quero entendê-la, estudá-la para por fim, desarma-la mais sabiamente. Hoje entendo que a névoa que distorce as visões e demoniza as diferenças humanas vem e fica a mando dos interesses dos grandes e que minha vizinha não é fascista. As pessoas são forçadas a serem cegas e a cegueira é cômoda; há quem diga que a ignorância é uma benção, né? Mas não posso eu distorcer propositalmente minha visão por não concordar com o outro lado. Se eu não entender com quem preciso dialogar, continuarei dando murro em ponta de faca. Completo aqui então, no meu mundo ideal a gente não briga, a gente dialóga respeitosamente e passeia pelas diferenças, celebrando-as.
Mas é hipocrisia para mim não querer brigar quando uma das facetas da minha personalidade é tão marrenta. Além do mais, agora sou mãe. Se eu pudesse me avisar de que isso ocorreria, não evitaria. Tentaria o diálogo: para de falar que odeia criança e que não suportaria uma birra! Para de falar que jamais será mãe - porque a gente paga a língua! Na minha utopia não cabe julgamentos. Falar sobre educação ambiental não seria também conscientizar as pessoas sobre esse tipo de comentário, sobre os olhares de desaprovamento quando a criança tá se batendo contra o chão de um local público? Não é ou poderia ser uma pauta dentro desse assunto a boa convivência, a empatia? Eu não acredito mais que se restringe a ensinar que se deve fechar a torneira ao escovar o dente, que papel é reciclável e que tacar fogo na vegetação é ruim, mas que também a sociedade inteira é responsável pelas crianças, por exemplo, e não só as birrentas no shopping, mas também - e principalmente - as vítimas da falta de amor, da falta de cuidados e atenção, falta de brincar...

Social. Essa palavra que não fazia sentido estar inserida no contexto ambiental,  hoje, para mim, é completamente indissociável. Não dá, simplesmente não dá para falar sobre qualquer coisa sem incluir sociedade, sem falar de ser humano, sem repensar desigualdades e individualidades.

Me conheço hoje bem o suficiente para saber que já está na hora forjar um final para o texto, sabendo que se eu não o fizer, encherei páginas de ideias e teorias até me incomodar por ter exposto apenas meu ponto de vista e, por fim, desistir do texto todo. Há muito não liberava minha criatividade e mais uma vez, a disciplina contribui para isso e devo agradecer. Registrar é importante, fiquei feliz em notar certa evolução aqui.
Trago destaques que considero válidos no texto inicial que escrevi a respeito da minha utopia, que dão sentido ao que apresento aqui. Acrescento que às perguntas feitas nos comentários (em relação a como atuar no comportamento e mudança dos pais dessas crianças), os meus mais sinceros: agora eu não sei! Como vou poderíamos resolver? Há tantos empecilhos. De novo, a resposta está em pessoas e nas pessoas mas não sei como decifrá-la… Espero que só por enquanto.
A vida não é utópica e pensar sobre os meus sonhos e como inseri-los a favor de transformações positivas na sociedade, auxiliou no meu autoconhecimento. Creio que é por meio destas reflexões acerca de nós mesmos que podemos melhorar as coisas, planejar ações, enfim, lutar e agir.
Para o futuro, como profissional, como mãe, mulher e o que mais eu achar necessário me rotular, espero continuar a refletir e questionar. Exigir respeito, não me calar, minimizar danos em relação ao ambiente como um todo incluindo nas pessoas. Penso - e até pode ser uma visão pessimista - que independentemente do que fizermos enquanto humanos, a vida irá se restaurar no planeta. Talvez não a nossa, mas não existimos só nós, muito pelo contrário. Talvez agora seja hora de pensar nas pessoas. Memórias, sentimentos, histórias … Se acabarmos com a vida na Terra, para onde vai tudo isso? Enfim.
 Cheguei até a disciplina pela “educação ambiental” e hoje me vejo em edição não só como profissional mas como pessoa. Sei que irei descobrir, ler e praticar por meio de todo o conhecimento produzido e registrado, aprenderei com ele e tudo mais…. Mas vi na disciplina uma nova forma de educar, inserindo visões holísticas, com amorosidade, respeito, pluralidade, horizontalidade e prazeroso.
A atenção com os indivíduos e suas histórias trouxe saberes coletivos que carregarei comigo.
Agradeço ao professor Marcos Sorrentino por ter expressado na prática uma educação libertadora que foi além das questões acadêmicas, sem dúvida a disciplina que mais me ensinou sobre educação até agora, protagonizando o aluno de fato. Pelo respeito, liberdade e transformação, sou grata.



TEXTOS INICIAIS:

Primeiramente, de maneira mais geral, quando reflito sobre os meus saberes acumulados até este momento em relação as dimensões levantadas na pergunta, os que me sinto mais distantes são os da legislação e da política. Muitos são os fatores pessoais para tal como a dificuldade que tenho em reconhecer informações verídicas e conectar fatos históricos. Além disso, são assuntos que praticamente não foram inclusos em tópicos obrigatórios na graduação, fazendo com que uma silhueta não fosse muito bem desenhada.
Preciso também aumentar meu repertório teórico por meio de leituras ou documentários, por exemplo, mas é a minha bagagem prática que precisa ser construída com mais vigor, já que esta não foi o foco até agora. Os dois processos para mim são indissociáveis, uma vez que acredito que é necessário conhecer e refletir acerca de várias teorias, ideologias e filosofias etc, para que, quando for o caso, se tome decisões profissionais bem pensadas e que contemplem os mais diversos pontos de vista e visões de mundo – não necessariamente de acordo com uma delas, mas que pondere toda a diversidade de opiniões e expressões para tal.
Então, pretendo continuar aprendendo por meio de ações e reflexões, descobrindo novas culturas e maneiras de lidar com problemas de relacionamentos, tanto humano-humano quanto humano-planeta. Preciso estar sempre de mente aberta e atenta para conseguir detectar sutilezas em falas, atitudes, comportamentos e aplicá-los e/ou filtrá-los em minhas práticas cotidianas. Quero aprimorar meu conhecimento principalmente em relação a leis ambientais, educação, educação ambiental, políticas sociais e ambientais para ter uma base sólida que me permita, de fato, construir pensamentos críticos a cerca da realidade e então, pensar em construir coletivamente melhorias, independentemente da proporção que ela tome. O que importa, no fim das contas, é reconhecer que pequenas ou grande atitudes irão se somar para transformar a nossa relação com o planeta.
_______

O livro que escolhi para este fichamento trata sobre relações sociais.
Certa vez, conversando informalmente com algumas amigas, foi levantada a seguinte pergunta: O que você mudaria no mundo, uma única coisa, visando que este melhore? A resposta de uma delas foi a de que ela “acabaria com a sensação ou atitudes de superioridade das pessoas em relação à qualquer outra coisa”. Desta forma, concluímos que problemas como machismo, homofobia, racismo, gordofobia, discriminações e abusos no geral, poderiam cair por terra.
Com a proposta de escrever sobre a minha utopia, lembrei-me de um livro que fora antes uma carta. Trata-se do livro da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie denominado “Para educar crianças feministas: um manifesto”.
No livro a autora traz 15 sugestões a pedido de sua amiga para educar a filha da mesma a partir da ótica feminista.
São estas:
1. Seja (a mãe) uma pessoa completa;
2. Façam juntos (pai e mãe podem, com exceção da amamentação, dividir todas as outras tarefas);
3. Ensine a ele que “papéis de gênero” são totalmente absurdos;
4. Cuidado com o “feminismo leve”;
5. Ensine-a a ler;
6. Ensine-a a questionar a linguagem;
7. Nunca fale do casamento como uma realização;
8. Ensine-a a não se preocupar em agradar;
9. Dê a ela um senso de identidade;
10. Esteja atenta às atividades e à aparência dela;
11. Ensine-a questionar o uso seletivo da biologia como “razão” para normas sociais em nossa cultura;
12. Converse com ela sobre sexo desde cedo;
13. Romances irão acontecer, então dê apoio;
14. Ao lhe ensinar sobre opressão tenha cuidado de não converter os oprimidos em santos;
15. Ensine-a sobre a diferença, torne-a comum;
 
A autora então, que ficou famosa por um discurso que também acabara por virar um livro denominado “Sejamos todos feministas”, mescla conselhos baseando- se em suas vivência tanto na Nigéria mas em outros países como Estados Unidos, juntamente com situações (principalmente machistas e racistas) que ocorrem no mundo todo e, de forma orgânica, são passadas culturalmente para as crianças, independentemente de seu sexo.
 
Escolhi trazer este texto pois acredito que, essa questão humana de estabelecer estruturas sociais, psicológicas e até físicas que sustentam a ideia de superioridade entre diversos grupos reflete diretamente no nosso ambiente, como por exemplo em forma de exploração de recursos, sejam estes abióticos, como água e solo, quanto bióticos, como mão de obra, confinamento de animais para alimentação etc. Boa parte das sugestões feitas por Chimamanda podemos adaptar ou traçar paralelos em relação ao meio ambiente.
A partir disso, acredito que uma das formas mais eficientes de se obter resultados respeitosos para a melhora da nossa sociedade como um todo é por meio da educação de nossas crianças, principalmente por estarem abertas para tal. Não necessariamente a luz de uma ideologia ou movimento social como o feminismo, mas a partir da ideia de equidade, de respeito, de empatia e outros conceitos embutidos no mesmo, e não só estes, como também o cuidado mútuo com outros seres vivos, a responsabilidade e consciência ambiental que cada indivíduo carrega consigo, independentemente da profundidade e grau de reflexão do mesmo.

Acredito que a educação, especialmente das crianças, é um dever social e não cabe apenas a um ou poucos elementos familiares. Portanto, penso que é por este caminho e somente por este, que será possível a transformação de nossas atitudes, crenças, costumes e culturas de forma que não ofendam e oprimam ninguém. Então, ainda pensando em uma responsabilidade coletiva, poderemos estendê-la para nosso ambiente e por fim, todo planeta.
Eu, como mãe e futura profissional da área de educação sinto que devo me comprometer ainda mais com questões ambientais a fim de facilitar todo esse processo, mesmo que pontualmente, atuando como mediadora de saberes em relação às pessoas que posso atingir ou com conhecimento mais técnico e aplicado. Para isso, acredito que devo me aprofundar em conhecimentos da área ambiental e das ciências humanas. Outros saberes sempre são bem vindos, somando bagagens ao meu processo de aprendizagem e enquanto profissional. Mas, no momento em que me encontro, sinto que os dois já citados, são os que necessitam de maior fomento e reflexão. Além do dito, a preocupação de se pensar “no planeta que vamos deixar para nossos filhos”, é totalmente válida para mim, independentemente da minha formação.


AUTOAVALIAÇÃO

Considerando os tópicos listados para a autoavaliação, dou–me 9. Acredito que no meu texto faltou por exemplo, maior quantidade de literatura, ao mesmo tempo em que para a minha proposta de publicação em um blog pessoal, considero minhas vivências e percepções para embasar meu raciocínio. Poderia ter explorado ainda mais as questões conjunturais atuais, ao mesmo tempo em que levei em consideração minhas experiências principalmente em relação às eleições.
Em relação ao meu aproveitamo na disciplina, devo citar que tive minhas visões sobre educação e meio ambiente ampliadas, tanto pelos comentários dos colegas e professor, quanto pelos presentes oferecidos pelos colegas ao longo do curso, onde vislumbrei o quão prazeroso e horizontal pode ser construído o aprendizado. A bibliografia e textos sugeridos foram de grande valia para a minha formação como um todo, visto que me surpreenderam em relação a profundidade que foram trazidos os assuntos em textos que foram o extensos o suficiente para apresentar tais ideias, dados e história. Os que não consegui ler, estão salvos para que eu posso fazê-lo nas férias.
Acredito que participei satisfatoriamente das aulas, tanto ouvindo quanto falando, construindo momentos e ideias relevantes para mim, amadurecendo e descobrindo reflexões valiosos para a Giovana.