quarta-feira, 18 de maio de 2022

barragens

já chegou um novo ano e uma madrugada fria me lembra da última vez que eu me deixei levar por um lance que se desenrolou em algo real. a verdade é que não me deixei levar por nada, só estava extremamente distraída e, talvez, independente da minha teimosia, o destino já estivesse traçado. 

estou me observando o tempo todo e cantando em voz alta minhas conquistas para ouvidos atenciosos e que tenho a sorte de estarem por perto. ou longe. mas sempre atentos. 

hoje foi um dia difícil e percebi como a ansiedade é uma fantasia ardilosa, uma figura sagaz e que me tomou, me abduziu de qualquer oportunidade de realidade onde eu precisava firmar meus pés para fazer meus projetos andares. mas foi impossível, seria impossível. eu voei longe demais.

e nessa intenção de não me autopunir por coisas que eu faço ou deixo de fazer conforme planejei - sendo que nem acredito direito nesses meus planos desorganizados - resolvi me perdoar, mas não é suficiente pra me fazer olhar pra toda essa projeção e enxergar as verdadeiras cores.

de fato, minha mente ta te usando de bode expiatório pra poder extravasar algo estagnado. o que não sei ainda fazer é dar vazão para o que se acumulou por tanto tempo, sem me inundar com a chegada de um tsunami de emoções e vivências.

o desafio pra mim é não querer mais entregar uma boia pra alguém querer tentar aprender a flutuar nessa mundaréu de água que surge em peso, sem destino, sem direção e direto do nada. o desafio é chegar gotejando e não inundando. é racionar. é eu não me afogar. muito pelo contrário. conseguir emergir até a superfície pra respirar, pra conseguir te convidar pra ver o que tem nesse mar, com fôlego, tranquila, sem te ver boiando e te arrastar pra minhas águas profundas e, por fim, acabar te afogando.